ESTAR SOZINHA COMIGO MESMA

Normalmente não sou adepta da solidão. Gosto de conviver, de conversar, de estar... principalmente com as pessoas "da minha vida", as que mais amo. Na maioria das atividades, prefiro estar acompanhada e, quando estou publicamente sozinha, travo conversa com facilidade com quem comigo se cruza.
No entanto, em alguns momentos, penso na solidão e em como (ou se) me faria bem estar mais vezes sozinha comigo mesma, quieta, calada, sem pensar, onde e quando me apetecesse. Sei que tenho de o praticar, porque a vida nos traz instantes ou fases destas, mesmo que não as procuremos, e que, em algumas situações, elas são mesmo preferíveis a ver, sentir ou saber que alguém que está connosco simplesmente não quer estar.
Não gosto de o sentir nem de o perceber, em palavras ou ações; não gosto da sensação de desespero, ansiedade ou ira que se apodera de mim, despertando emoções e traduzindo-se em frases ditas da boca para fora ou engolidas e acumuladas na garganta.
Percebo, então, que estaria melhor sozinha, que assim facilmente evitaria desconfortos, inquietudes, incómodos. Que encontraria maior tranquilidade e paz interior, colocando o meu "eu" num plano superior e mais próximo da plenitude. Aí, penso na solidão como uma tábua da salvação do conflito ou do confronto, os c's meus inimigos de sempre.
Sei também que estes momentos de solidão ou de encontro connosco próprios são muito salutares e valiosos na vida. Fazem-nos falta porque nos permitem uma maior introspeção, relaxamento e fortalecimento da autoimagem e do amor próprio.
Gostar de estar sozinho é prova de que estamos de bem connosco e com a vida. Dizem. Eu acredito. E sei que, pelo menos, é uma oportunidade para parar e sentir tudo (ou nada) do que está cá dentro.