DEMASIADO ANSIOSA PARA TRADUZIR

Neste caminho de autoconhecimento e de desenvolvimento pessoal, que tenho percorrido ao longo dos últimos meses, conheci diferentes formas de ver a vida e de encontrar a felicidade, entre as quais algumas estratégias para prevenir e minimizar os momentos de ansiedade, os quais considero (ou considerava) demasiado frequentes em mim.

A ansiedade, quando patológica, é um grande desafio de saúde mental, um estado de alerta agudo que coloca o nosso corpo e mente preparados para o perigo, elevando a nossa frequência respiratória e cardíaca e desenvolvendo um conjunto de sintomas que quebram ou prejudicam o nosso bem-estar. Pode proteger-nos (vai mesmo!) quando em situações de ansiedade pontual ou circunstancial, mas prejudica a nossa vida se surgir a toda a hora, por conta das nossas inseguranças, pensamentos e memórias.

Não vim aqui para falar sobre isto, que daria para vários posts, mas para vos contar a descoberta que hoje fiz e que me mostra como a ansiedade tem me afastado de prazeres simples e de emoções positvas e luminosas.

Ora, tenho de começar por dizer que sempre achei o meu inglês péssimo. Recuso-me a falar, engasgo-me e a minha autoestima minúscula não me permite sequer tentar, e digo a toda a gente que não sei nada de inglês, apesar de ter tido 8 anos de inglês na minha escolaridade. Uma das coisas que me deixava triste era não ter conhecimentos suficientes para usar esta Língua com fluência e compreendê-la ao escutar as as canções saídas do rádio, limitando-me a repetir palavras soltas, sem me esforçar para as compreender (traduzindo).

Confiante que "não sei e não entendo", nem experimentava. (É isto que nos paraliza quando a confiança em nós não existe ou está muito abaixo da média!) A ansiedade do meu dia a dia também não o permitia. Andava sempre demasiado ocupada (com pressa e com muitas coisas por resolver) para traduzir o que ouvia... Demasiado ansiosa para deixar fluir em mim os conhecimentos que adquiri (e até com boas notas!) ao longo dos anos. Constantemente neste estado de alerta máximo, nem tentava... "Não sei nada de inglês!".

Mas hoje em dia estou diferente e sei que ainda vou ficar "melhor", pois encontrei caminhos que me permitem ver a vida de outra forma, com mais luz e cor, com as reais tonalidades e luminosidades, diferentes daquelas que a mente ansiosa/deprimida obscurece. 
Foi só por isso que este episódio simples aconteceu. 

Hoje ouvi pela primeira vez a letra da canção "Perfect" de Ed Sheeran... Ouvi não, traduzi e entendi, pois já a tinha ouvido milhões de vezes... Pela primeira vez, senti a letra da canção, pela primeira vez vivi a história da canção, pela primeira vez senti a sua profundidade... porque sei algo de inglês...

Provavelmente estão a achar-me tontinha... Talvez a música nem seja assim tão linda para vocês... Mas apenas hoje a entendi, pois a ansiedade não me deixava concentrar nela, focar a atenção nas palavras, nas frases ditas, no seu sentido. Nunca sequer tentei, apesar de gostar da melodia e de reconhecer as ideias mais repetitivas.
E não imaginam como isto me tocou, como me fez feliz, como abrilhantou aquela viagem até casa. Não só como prova de que "estou melhor", mas pelo poder de ver a vida com os sentidos ativos e a mente livre de pressões desnecessárias.

Chorei... achei-a linda!! Pela primeira vez após milhões de escutas. E choro agora de novo enquanto confirmo que a percebi através do video abaixo. 
Isto não é maravilhoso? Aos 42 anos descobrir que há tanta magia à nossa volta não é maravilhoso? Claro que é!!!
E não há nada como aceitar a nossa sensibilidade natural e espontânea para dar luz aos nossos dias, para intensificar sentimentos bons, que nos levam a pensamentos melhores e a ações mais fáceis e descontraídas.
Estou a desbravar caminhos!

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