"SEM SANGUE", DE ALESSANDRO BARICCO

Não tenho andado muito agarrada à leitura, mas tenho sentido vontade de ir às estantes e começar a ler os livros que lá guardo há muito tempo à espera da minha atenção.
Foi o que fiz com o livro "Sem sangue", do escritor italiano Alessandro Baricco, autor de "Seda", um best seller internacional.

Este é um livro intenso e penetrante, que nos agarra do início ao fim. São pouco mais de 150 páginas de cortar o fôlego, que se lêem sofregamente e que criam imagens reais e poderosas na nossa mente, apesar de, segundo o autor, esta ser uma história com personagens e factos fictícios.

"Sem sangue" está escrito em apenas dois capítulos, que correspondem a dois tempos e espaços
distintos em que se conta a história de vida das personagens, no centro das quais está Nina, uma criança/mulher corajosa e enigmática.

Nina é apenas uma pequena criança quando assiste à morte do seu pai, Manuel Roca, às mãos de um grupo de inimigos. É escondida dentro de um alçapão que vê esta morte acontecer, escapando, assim, ao mesmo destino que o irmão mais velho.
No entanto, antes de abandonar a sua casa após os assassinatos, um dos inimigos descobre o esconderijo de Nina. Condoendo-se do olhar terno e frágil da criança, o homem não a denuncia aos seus colegas, dando-lhe, assim, a hipótese de sobreviver.
Mais tarde, já mulher, Nina vai à procura desse homem e é no encontro dos dois que ficamos a saber de que forma o episódio marcou para sempre a vida de ambos.

Gostei muito da escrita de Alessandro Baricco, escritor italiano que não conhecia, mas em cuja bibliografia fiquei interessada.
Num estilo realista contemporâneo, o autor de "Sem Sangue" usa uma narrativa simples e direta, com muitos diálogos e poucas descrições espaciais. Apesar de quase não usar figuras de estilo nem vocabulário erudito, consegue narrar acontecimentos e sentimentos quase de um forma poética, que segue direta às nossas emoções, despertando-as e não nos deixando indiferentes.

A história deste livro é cativante e, de algum modo, impactante, mexendo com os nossos pensamentos e emoções.
Sem referências que nos permitam identificar o tempo e o espaço em que tudo acontece, várias imagens se apoderam da nossa mente durante a leitura, conduzindo-nos numa viagem pelos nossos conhecimentos em busca de correspondências históricas e geográficas.
As personagens principais, que identifico com sendo Nina e o homem que fingiu não a ter visto naquele alçapão, mostram um caráter forte e íntegro, que vamos conhecendo com o desenrolar da história.

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