EU E OS PAIS (DELES...)

Tenho estado em arrumações e limpezas.
Limpeza semanal, como de costume, mais roupa (muita) para lavar e esperar que seque, caminhas de lavado e tudo a cheirar a limpinho. Além disso, estive a arrumar roupas mais quentes nas gavetas, que ainda só tinha retirado as de meia estação, e a ver o que já não serve aos miúdos.
A Matilduxa está tão crescida este ano! Aumentou bem de altura e de peso, apesar de continuar "rodas baixas" para a idade, e também passou a gostar mais de andar de calças de ganga. Diz que "pareço uma crescida, mãe, com as calças justa no rabo!". Sim, precisava mesmo de um seleção, que esta semana voltámos às calças e várias já não apertavam.

Mas não foi para falar de roupas e limpezas que resolvi escrever este post, mas sim para contar como o encontrar de uma foto e o desarrumar de um dossiê pode pôr-me a pensar (até parece que é difícil!).

No meio das arrumações, estava um dossiê que me foi "devolvido" pela escola onde trabalhei antes de ir para a Moita e onde estive 3 anos com a mesma turma (máximo conseguido): os golfinhos!
Foram o meu grupo de eleição e estive com eles até ao 3.ºano. No último, um ano bem complicado para mim, a nível pessoal e profissional (o que está para além dos miúdos às vezes é lixado!), estive de permuta com uma colega, a qual não me foi autorizada no 4.ºano.
Enfim, este dossiê chegou cá a casa há mais de 1 mês e tem estado em cima de um móvel à espera de "coragem" para o arrumar. Hoje, chegou o dia!

Todos os anos tenho um dossiê de turma onde coloco, para além do Projeto de Turma, todos os documentos relativos a esse ano letivo. Organizado cá à minha moda, com tudo e mais umas botas, o desse ano estava tão cheio que nem fechava. Digo estava porque agora só lá constam as micas, vazias.... Não posso guardar tudo aquilo, pois seriam dezenas de dossiês ao longo da carreira, por isso tive de me desfazer de atas de turma, de tabelas de registo, de documentos de projetos em que participámos, recados enviados aos pais-golfinhos... muito papel, visto e revisto, saudades a matar e muitas recordações de crianças que ficarão para sempre na minha memória.
Além das crianças, os pais... Mais do que simples encarregados de educação ou progenitores, estes pais (e mães, claro!) ficaram amigos e partilharam comigo momentos muito importantes para os seus filhos, mas também para mim. E, quase como que a recordar essa equipa que formámos durante 3 anos, surge, num fim do dossiê, uma foto linda, tirada num jantar entre mães que fiz com esse grupo de mães-golfinhos e onde, "por acaso", festejei o meu aniversário.


Não posso recordar sem um enorme sorriso, que me estende as bochechas ao máximo, este e todos os outros mais de 1000 dias de convivência com crianças e adultos... foram importantes demais e, se vão ficar na memória deles porque fui a primeira professora da "primária", na minha vai ficar gravada como aquele grupo fantástico de muitos amigos que partilhavam a vida... e que ainda partilham, às vezes!

E fico a pensar nesta minha relação enquanto pessoa-professora-mãe que estabeleço com aqueles com quem trabalho e no quanto todos tocam a minha vida de uma forma única e especial.
E fico a pensar em como fui feliz durante estes anos e em como a minha vida mudou... sim, porque sou pessoa de se deixar tocar pela vida e de ir mudando com ela.
E fico também a pensar que, se não tivesse saído exatamente naquele ano, não teria encontrado o conjunto fantástico de reguilas com os quais trabalho. Com eles e com as suas famílias... porque a escola, essa entidade fantástica e tão importante na vida, onde crianças passam a maior parte do seu dia, é um prolongamento da sua casa e os adultos que "habitam" num e noutro lugar tem, definitivamente, de ser uma equipa. E eu tenho, de novo, uma boa equipa. Diferente, nem melhor nem pior, mas uma nova e grande equipa que não trocava por outra. Por isso, acho que cheguei à Moita no ano certo!

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