Às vezes, estar de recobro tem as suas vantagens.
Hoje, por exemplo, consegui terminar a leitura de um livro que carrego para todo o lado desde a Feira do Livro de Lisboa". (Será que anda comigo há mais de um mês?)
Bem, o que importa é que consegui!
"Colheita" foi a minha estreia na escrita de Jim Crace e surpreendeu-me bastante.
Sou mais leitora de romances e a sinopse desta obra apontava para um género literário diferente, pelo que o desafio começou logo quando, nos relvados do Parque Eduardo VII, li as primeiras páginas.
Não foi uma leitura devoradora, o que dá para ver no tempo que demorei a ler pouco mais do que 200 páginas, mas confesso que gostei bastante. Provavelmente teria lido de uma assentada se o tivesse feito nas férias.
A história desta obra é profunda e é-nos contada de forma brilhante.
A escrita de Jim Crace é magnífica e conduz a visualizações intensas de espaços e personagens, sem quase usar descrições. A leveza com que usa as palavras e o modo como pontua as frases soam a melodia e guiam-nos numa viagem por um enredo muito bem orquestrado.
Sem vocabulário erudito, nem sentimentalismos explícitos, o autor consegue escrever sobre amor, lealdade, desgosto e vingança sem lhes fazer alusão direta e encadeados numa história aparentemente sobre uma boa colheita de cevada, um incêndio provocado e chegada de um novo herdeiro das terras. Aparentemente porque é muito mais do que isso. É a paixão pela terra, a união da comunidade, a revolta, o medo da mudança, a crueldade, a incerteza... é a amizade de dois homens de estratos sociais diferentes, é a ganância de um senhorio legítimo que surge para resgatar o que é seu.
Não vou aqui deixar a sinopse da obra, pois poderão lê-la no link que vos deixei associado ao título, mas aconselho a sua leitura neste verão.
Para terminar, deixo-vos outras obras de Jim Crace que eu própria gostaria de ler, sendo que não são muito fáceis de encontrar, parecendo que as editoras portuguesas têm apoiado pouco o autor.
Comentários
Enviar um comentário