Sei que não tenho sido muito assídua nas idas ao cinema, nem tão pouco na visualização de filmes em casa, mas a verdade é que há muito, muito tempo que não via um que me prendesse tanto ao ecrã e me sensibilizasse ao ponto de me levar ao nível hipnótico de deixar de distinguir a realidade da ficção. (Não será prova disso ter aqui voltado para escrever, assim que terminou, após uma ausência tão prolongada na blogosfera?)
Chorei como se conhecesse o Todd e estivesse, eu própria, a acompanhar o caminho até à sua execução. Chorei de tristeza ao pensar na atrocidade da pena de morte (principalmente) quando aplicada a um inocente, a alguém que o sistema culpou mesmo antes de chegar a tribunal, a um ser humano condenado devido a um processo mal conduzido, com testemunhas ludibriadas e provas forjadas ou ignoradas. Não consegui evitar, porque as excelentes interpretações de Jack O'Connell (Todd) e de Laura Dern (Elizabeth), aliadas a um enredo baseado numa comovente história verídica, despertaram o meu sentido de justiça, a minha empatia por quem sofre, o meu acreditar que todos merecemos novas oportunidades. Além disso, identifiquei-me com Elizabeth, quase conseguindo imaginar-me na sua pele, seguindo um caminho parecido, levada pela ingenuidade, bondade e compaixão que (quase geneticamente) me caracterizam.
Este filme de Edward Zwick, disponível na Netflix ("Prova de Fogo", 2018), começa por nos contar a história de um incêndio que mata três crianças pequenas, bem como da condenação do seu pai à pena de morte, acusado de o ter provocado. Sem surpresas, nem cenas de grande aprofundamento da história, facilmente nesta parte é passada a imagem de um homem agressivo e desobediente, cujo passado e atitudes facilitaram a acusação.
É só na "segunda parte" que surge Elizabeth, uma mulher divorciada e mãe de 2 adolescentes a quem chega uma carta de Todd e que aceita visitá-lo, comovida pelas suas palavras e curiosa em relação à sua história. Elizabeth vem representar a esperança que Todd necessitava após 12 anos no corredor da morte e vários recursos negados, começando a colaborar com o seu advogado na procura da verdade. Inicia-se, assim, uma vasta investigação que vem colocar em causa todo o processo de acusação.
Gostei muito de toda a história, apesar de achar que algumas partes poderiam ter sido mais exploradas (só possível se fosse adaptada a uma mini série), mas saliento a interpretação dos atores principais, que lhe dão veracidade e força.
Podem ver o trailer AQUI.
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