EQUILÍBRIO EMOCIONAL E PROPÓSITO DE VIDA

Comecei há uns meses a caminhada pelo estudo das emoções, fascinada pela possibilidade de trabalhar a inteligência emocional com grupos de crianças e adolescentes, e não mais parei de querer aprender sobre este vasto mundo que habita a nossa vida e orienta os nossos comportamentos.

Sou uma pessoa sensível, intuitiva e emotiva por natureza e estas características sempre foram o melhor e o pior em mim, ou seja, sempre estiveram na origem das mais valiosas qualidades de personalidade e dos mais difíceis (ou desafiadores) defeitos.

E porquê?

Porque não sabia controlar as minhas emoções!

Hoje sei que o faço melhor, mas ainda não tanto quanto queria, por isso estou a aprender e a treinar. É um trabalho diário, intensificado e testado nos momentos de conflito e decisão, nas relações mais tensas e com algumas pessoas, mais difícil quando envolve as emoções da raiva e do medo, mas muito gratificante e recompensador. Estou a cuidar do meu equilíbrio e sei que, direta ou indiretamente, irei tocar de uma forma diferente a vida de muitas crianças e adolescentes que comigo se cruzarem.

Esta não é uma esperança ou um objetivo meu (apesar de também o serem). Este é o meu propósito de vida, é o meu caminho. Tudo na minha vida tem convergido para aqui chegar. Muitos foram os sinais e encontros que tive, começando pela personalidade (parte inata, parte inconscientemente construída nessa direção), passando por habilidades e técnicas que fui desenvolvendo, pelo dom da empatia com as crianças e adolescentes, pela profissão que escolhi e pela qual me apaixonei, pelas pessoas que foram sendo colocadas no meu caminho...

Os tempos em casa por causa da pandemia deram-me a oportunidade de pensar na minha vida, de estar atenta às minhas emoções, sentimentos e pensamentos, de me conhecer e perceber os porquês de situações e acontecimentos. Foi um período duro, intenso e provocador, com momentos muito difíceis e desafiadores, com emoções nos picos e à flor da pele, com momentos de solidão (ou solitude?) reveladora, com conflitos internos (e externos), com incertezas e descobertas. (Devem tê-lo sido para toda a gente.) Não fui uma pessoa fácil nesses tempos, pelo contrário, mas desbravei caminhos que me conduziram a uma paz que estou a começar a encontrar, a um equilíbrio que chega pé ante pé mas instala-se, a uma luz interior que tenciono espalhar por onde passar.

Nessa altura comecei a fazer meditação. Foi um pouco por acaso, mas estava mesmo a precisar. Foi no tempo certo ou quando tinha de ser. Sempre guiada, fui encontrando estratégias e testando formas, locais e posições. Também fiz ioga e tenho de voltar porque me fazia muito bem. (Ritinha, começa lá as tuas aulas!) Fui estudando teorias e técnicas de meditação e mindfulness, fui conseguindo aplicar algumas estratégias e descobri sons, imagens, cheiros e gostos que achava que não existiam ou de que estava esquecida. Também descobri que tenho comigo a melhor aliada: a respiração. Ela é essencial, quer física, quer emocional, quer espiritualmente. (Como vivemos juntas durante 4 décadas e não lhe dei o real valor?)

Sentindo as vantagens da meditação, investi num curso certificado de Formação Profissional de Instrutora de meditação e relaxamento para crianças, da "Zen Kids", pois queria dar oportunidade aos meus alunos de as sentirem também. No curso conheci pessoas fantásticas, com quem cresci e aprendi, com quem estarei ligada pela vida fora.

Mais tarde, surgiu o curso de facilitadora da Jornada das Emoções Kids e Teen, uma importante ferramenta de educação emocional para crianças e adolescentes, criada pelo projeto "Amar e Acolher". Aproveitei o desafio da minha querida amiga Sandra e investi no curso com muito interesse pessoal, pois percebi que estava na hora de saber mais sobre emoções e sobre como as trabalhar com os meus filhos e alunos. Tem sido mais uma oportunidade de conhecer pessoas de luz e de aprender também sobre parentalidade consciente, educação positiva e comunicação não violenta. 

Pelo meio, mas nada menos importante, juntei-me a outra das minhas grandes aliadas na vida, a minha mana Mafalda, e juntas começámos um projeto: o "En Mocionar". Surgiu no nada, de repente, naturalmente. Nessa altura, principalmente pela net, dado o distanciamento social e o ensino à distância. falávamos muito sobre desenvolvimento pessoal, sobre lidar com as emoções, sobre autoconhecimento e sobre felicidade. (Na verdade, acho que falávamos já muito disto quando vivíamos em casa dos nossos pais!) Nada indicava que fossemos construir algo quando surgiu a "semana da leitura" e alinhámos em contar histórias pelo instagram, como forma de nos aproximarmos dos nossos alunos. Foi um desafio enorme, por não termos experiência de exposição pública, mas adorámos estar juntar em volta de um livro e, para não deixar de o fazer, decidimos criar o projeto e continuar a contar histórias. Surgiu o canal de Youtube e o "Contar histórias sobre emoções". 

E o caminho está sendo traçado, com muitas leituras, partilhas, aulas, mentorias, projetos pararelos mas convergentes, webinares e workshops, experimentação, construção de materiais, preparação de oficinas... Estamos em constante aprendizagem e alinhamento, ao nosso ritmo e da forma como somos e conseguimos. Estamos a traçar uma rota e a preparar mapas que sirvam de guia para crianças e jovens na viagem pelas emoções, até ao destino do equilíbrio emocional.

Sinto que encontrei o meu propósito e manter-me-ei na rota se o continuar a sentir. 

Se eu consigo ir percorrendo este caminho, tu também consegues e eles também conseguem... Todos podemos caminhar ao encontro do equilíbrio emocional.



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