HISTÓRIAS DE VIDA - SOU JOVEM E SAUDÁVEL, MAS ESTIVE MUITO MAL COM COVID-19

Tal como as outras que já aqui publiquei, a "História de Vida" que hoje vos trago é verídica. Foi-me contada na primeira pessoa por um jovem que conheço desde miúdo e que viu a sua vida em risco de forma completamente inesperada.
A sua história surge contada para que fiquemos (ainda) mais conscientes de que esta doença pode atacar qualquer um de nós, independentemente da idade, sexo ou condição física e mental. 
Ele não se importaria se eu revelasse o seu nome, mas quero "protegê-lo" e manter o rumo anónimo destas histórias, por isso dei-lhe o nome de João. É assim que aparecerá na história e só isso será inventado. 
Passem a mensagem a todos, principalmente àqueles que estão mais convencidos da sua imunidade.


SOU JOVEM E SAUDÁVEL, 
MAS ESTIVE MUITO MAL COM COVID-19

Olá, sou o João, tenho 20 anos e sou atleta profisisonal de um grande clube desportivo.
Sempre fui uma pessoa saudável, sem quaisquer problemas de saúde. Sempre fiz exercício físico. Comecei em miúdo e continuei sempre a praticar desporto, quer na modalidade que escolhi como profissional, quer noutras. É o que mais amo na vida e, por causa desta doença, estarei impedido de o fazer pelo menos durante os próximos 6 meses.

Tudo começou numa 2.ª feira de manhã. Acordei com fortes dores de cabeça e de garganta, febre e tremeliques. Sentia-me fraco e não conseguia comer. Tinha febres altas, de quase 40ºC, que baixavam menos de 2.ºC com medicação.
Na 3.ª feira, continuava com estes sintomas, apesar de um pouco mais leves. Voltaram a piorar por volta das 18h, pelo que, às 20h30, ligámos para a Saúde24. Mandaram-me ir de urgência para o Hospital de Santa Maria, onde dei entrada pelas 21h30. Fizeram-me o teste do Covid-19 às 23h e conduziram-me para um contentor, onde fiz mais exames, análises e raio-x aos pulmões.
Saí do hospital eram 7h00 e só soube do resultado ao fim de 2 dias: POSITIVO.
Fiquei bastante mal ao saber da notícia, sem saber o que fazer.
Nesse mesmo dia, fui para o Hospital de Setúbal de urgência com agravamento dos sintomas e novas queixas: começaram as dores fortes no peito e a falta de ar. Mandaram-me para casa 3 horas depois, dizendo que estava tudo bem.
Mas não era verdade.
No sábado de manhã, não tendo melhorado, voltei a dar entrada no mesmo hospital e, depois de fazer análises e de receber os resultados, voltaram a mandar-me para casa novamente alegando estar tudo bem.
Mais tarde, a Delegada de Saúde falou comigo ao telemóvel e disse-me que tinha de ser reavaliado no Hospital de Santa Maria, onde voltei a dar entrada às 19h38.
Repetiram todos os exames e, às 2h da manhã de domingo, fiquei internado.
Nos dois primeiros dias estive muito mal. Para além dos sintomas que antes já sentia, vomitei e deitei sangue na expectoração durante alguns dias.
Estive internado durante 2 semanas e, durante esse tempo, foram feitos vários exames, através dos quais descobriram que eu tinha uma Pericardite (inflamação no coração), causada pelo Covid-19.
Foram duas semanas muito difíceis. Só pensava na família e se sairia ou não do hospital.
Passei a primeira semana sozinho num quarto, após o que se juntaram a mim outros dois doentes. Consegui distrair-me um pouco mais durante o dia, mas sentia-me sempre ansioso e tive algumas noites bem difíceis, entre insónias e dores fortes.
Neste momento estou em casa, em recuperação. Tenho ainda algumas dores, mas estou medicado. Não posso sair nos próximos 3 meses e durante o próximo semestre não poderei mesmo fazer qualquer esforço, por mais simples que seja. Estou proibido de me cansar, como única forma de prevenir problemas ainda mais graves. Só no final do ano saberei se ficaram mazelas que me impedirão de fazer a minha vida de antes.
Estive infetado durante 3 semanas, sempre numa luta tremenda. Sofri imenso, quer física, quer psicologicamente, e fiquei com muito medo de sair de casa. Não se sabe quem está ou não infetado. Estamos todos em risco, em todo o lado.

A todos os que estão a ler a minha história, venho lançar um pedido e fazer um alerta.
Por favor, não se exponham, tenham todos os cuidados possíveis. Não se metam em ajuntamentos como se fossem imunes a este vírus, pois ele não é uma simples gripe. Eu também dizia que não apanharia pois já tinha escapado à "Gripe das aves", à "Gripe A" e a muitas outras. Achava que um jovem saudável como eu estaria livre de perigo.
Não julguem que o perigo já passou e que a vida está normal. Continuam a ser contaminadas milhares de pessoas em todo o mundo e algumas centenas diariamente em Portugal. Este vírus pode matar.
Sejam responsáveis e preocupem-se convosco e com os outros. Tenham amor à vida e cumpram todos os procedimentos de segurança. Resguardem-se, usem máscara, lavem muito bem as mãos.

Comentários

  1. Infelizmente, há sempre quem pense que o mal só acontece aos outros, mas ninguém está imune. Temos que nos proteger e proteger os outros. Continuamos a ouvir notícias de pessoas infectadas. A pandemia continua aí e temos que ser responsáveis. Desejo ao João as rápidas melhoras e que fique tudo bem.

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