A PROPÓSITO DE... SAÚDE MENTAL

Ouvi ontem este podcast enquanto fazia a minha caminhada de final de tarde. (Podia ter ouvido música, mas apeteceu-me ouvir o que tinham para dizer a Mia e o Pedro!)
Interesso-me sempre que o assunto é saúde mental, pois nem toda a gente se atreve a falar sobre o tema de uma forma natural, tal como se fala da saúde física. Como acredito que uma depende da outra e que ambas são necessárias trabalhar e valorizar, não perdi a oportunidade. Até porque tinha curiosidade em saber como encaram a questão relacionando-a com desenvolvimento pessoal.

A verdade é que gostei muito de tudo o que ouvi, da forma como foi dito, das ideias que foram transmitidas, da sinceridade e naturalidade com que conversaram sobre a depressão e outras doenças. (Sim, a depressão é uma doença, não é um estado de espírito que surge agora e depois de almoço já desapareceu. Isso tem outros nomes.)

A temática da saúde mental deve mesmo ser falada assim, de forma descontraída, assertiva e ponderada. E é muito importante que se fale, que se explique, que surjam debates, que se deixe de lado o estigma de que só alguns precisam de cuidar da sua saúde mental. Todos precisamos e devem estar gratos aqueles que não têm problemas a este nível, pois normalmente são mais difíceis de tratar do que os físicos. (Desses falamos tão facilmente!) E também mais difíceis de aceitar e de compreender.

Eu sei do que falo.
Fui diagnosticada com "depressão major" (dita crónica) há cerca de 6 anos e só depois desse diagnóstico é que as pessoas à minha volta começaram a encarar o que se passava com a seriedade que eu necessitava e que ela merecia e a permitir que se soubesse, sem vergonhas ou outros quaisquer sentimentos associados ao preconceito.
Como não é um problema físico ou visível, porque se confunde com tristeza ou fraqueza, a verdade é que não foi fácil encontrar uma forma de a tratar.

Desde a primeira depressão, aos 17 anos, conheci vários psiquiatras e tomei diversas medicações. Não me senti acompanhada por nenhum até conhecer a minha atual médica há cerca de 7 anos atrás. Foi ela quem verdadeiramente me ajudou a perceber e a aceitar o que se passa comigo. A psicoterapia que sugeriu, num trabalho de terapêutica conjunto, também foi muito importante para aprender a respeitar-me e a seguir em frente investindo em mim. Desde aí que não perco uma oportunidade de me erguer, de aprender estratégias e de promover o meu desenvolvimento pessoal. (Mesmo depois das recaídas que me levaram à cama!)

Hoje sou capaz de falar sobre o assunto com alguma naturalidade e sem vergonhas. É desta forma que falo com os meus filhos sobre o que tenho e eles já sabem quando dar aquele abraço e quando preciso do tal espaço de que fala a Mia no podcast. Também sabem que posso chorar compulsivamente  em algumas fases, mas que depois tudo passará e eu continuarei a ser a mesmo mulher forte e bem-disposta.

Escutem o podcast. Vale mesmo a pena!!

 

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