ENSINO À DIST@NCIA - MESMO ASSIM POSSO SER FELIZ

Hoje sinto mesmo a necessidade de vir aqui partilhar convosco um sentimento muito sincero e profundo. Nem quero deixar para depois, porque só neste exato momento sairá o mais autêntico possível. Acabei agora de organizar e corrigir os últimos trabalhos que pedi aos meus alunos que fizessem na semana passada. Estive todo o dia de roda deles, entre e-mails, mensagens e telefonemas. Ainda faltam pequenos detalhes, mas não poderia estar mais feliz e orgulhosa dos meus parceiros.

Falo dos miúdos, dos 20 pequenos amigos. Apesar de impedidos de sair, de pular e fazer traquinices, de conviver com os amigos, de sentir os cabelos ao vento e as roupas transpiradas do cansaço do corpo, não deixaram que a escola fugisse e os conhecimentos cristalizassem, não baixaram os braços perante as dúvidas e os medos, não perderam a esperança de que o "amanhã todos juntos" está quase a chegar. Só posso estar grata e orgulhosa! Cumpridos estão os trabalhos chatos e exigentes, tal como aqueles que apenas pedem cliques nos teclados. As letras bem feitas, os cadernos organizados, o brio nas fichas que conseguem imprimir e, mais ainda, nas respostas daquelas que tiveram de improvisar. O empenho, a responsabilidade, a organização, a resiliência, a autonomia, a cooperação, a colaboração, a solidariedade e o respeito, são competências que admiro e valorizo num mundo carregado de "deixa andar" e de "cada um por si" e estes miúdos têm a mochila carregadinha delas e não a soltam só porque o mundo está irreal.

Falo dos seus pais, dos irmãos, dos tios e avós.... Falo nesses parceiros que sempre fiz questão de ter do meu lado e que hoje coloco num pedestal. Eles não estão lá, sossegados em suas casas. Eles estão aqui, comigo, colocando de lado as suas coisas para fazer a escola andar de cá para lá e de lá para cá. Eles abrem a mente e os braços a pedidos com mais ou menos sentido, com grande ou pequeno grau de dificuldade, tal como abrem as suas casas para que eu entre com mensagens, audios e videochamadas. Eles são o adulto que orienta, tanto quanto o colega que brinca ou o amigo que conforta. Eles são os pilares, os alicerces deste prédio que construímos semana após semana e que ganha cores e feitios de obra de arte, tal é a diversidade de dons e saberes, de experiências e tentativas, de sentimentos e formas de ser e estar. Estou orgulhosa de cada um deles, do modo pessoal e criativo com que têm dado a volta ao mundo das tecnologias e das manualidades para levarem os nossos meninos ao encontro do arco-íris.

Sou uma professora feliz. Era mais se estivesse na escola, diretamente em contacto com eles, fazendo o que mais gosto na vida. Mas sinto-me presenteada por continuar a poder sê-lo à distância, por ter a sorte de me manter ligada aos meus pequenos amigos, com o bónus de estar também diretamente ligada às suas famílias.

Assim, o isolamento custa um pouco menos.
Assim, o cansaço tem um porquê e a vida tem mais propósito!

Obrigada, família E7!!


Comentários

  1. Hehe que texto tão bonito. Temos de valorizar todos neste processo. Quer os professores que não estão habituados a este tipo de ensino, mas também os familiares que acompanham os alunos. Cá por casa nem sempre é tarefa fácil, para todos nós. Beijinho e parabéns

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Booking.com