«DEMIAN», DE HERMANN HESSE

Há muitos anos que ouço falar da escrita de Hermann Hesse, ou não fosse ele um famoso galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, mas ainda não conhecia nenhuma das suas obras. Ou melhor, nunca tinha lido nenhum dos seus livros. Nunca, até agora!

Não sei se comecei com o melhor, mas "DEMIAN" é definitivamente MUITO BOM.
Há quem diga que tem uma vertente autobiográfica. Não sei se é mesmo, apesar de, depois de algumas pesquisas sobre a vida deste grande escritor alemão, me parecer provável ou, pelo menos, possível. Inicialmente, a obra foi publicada sob o psedónimo de Emil Sinclair, nome da personagem principal, também com papel de narrador.

Este livro conta-nos a história de um jovem criado por uma família tradicional e piedosa que desde a infância se vê confrontado por pensamentos existenciais, questionando o que lhe fora transmitido pelas gerações passadas.
Com a mente carregada de conflitos internos e definindo a personalidade ao mesmo tempo que procura compreender-se e ao mundo, Sinclair vai vivendo connosco a adolescência e a juventude, muitas vezes através das relações que vai construíndo, até ao momento em que a I Guerra Mundial muda o destino da sua vida.
Max Demian, um rapaz um pouco mais velho que conhece na escola, surge como um amigo com quem partilha as questões existenciais e que o vai acompanhar em algumas descobertas e confrontações.

Não posso dizer que "Demian" é um livro fácil de ler, apesar de ter apenas cerca de 200 páginas, mas é uma obra muito interessante e rica do ponto de vista psicológico, e até filosófico, que nos abraça com um conjunto de interrogações morais e culturais e nos põe a pensar.
Quando consegui concentrar-me, as páginas voaram e as palavras ficaram borbulhando no meu pensamento. Voltei a sentir interrogação na cabeça, a tentar perceber-me enquanto percebia (ou não) as personagens.
Foi uma experiência envolvente, que me levou também à juventude, mas que me fez questionar até que ponto determinadas ações, escolhas e caminhos foram fruto do meu verdadeiro "eu" ou foram guiados pela bagagem do senso comum, do socialmente correto ou do expectável. Será que todo este "carrego" não condiciona a verdadeira felicidade?

A escrita de Hermann Hesse é qualquer coisa de notável. Cada página, clara e harmoniosamente escrita, carrega real e imaginário, concreto e abstrato, dúvidas e certezas. A história fluí, não só narrada, mas quase sentida. As personagens e os cenários veem-se nas palavras.
Parece que o autor escreve com ritmo. Não sei se se poderá dizer algo assim, mas a forma como pontua as frases, como escreve os diálogos ou descreve os espaços, faz-me pensá-lo e senti-lo.

Vou querer ler mais obras deste autor conceituado, claramente influenciado pelas teorias de grandes pensadores do século XIX e XX.

Comentários

  1. Apesar de ter já ouvido falar no autor, nunca li nenhuma obra. Quem sabe, um dia poderei ter essa oportunidade.

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    1. Acho que deves aceitar o desafio, pois vale a pena!! Beijocas

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