«NASCER, MORRER, RENASCER», DE CÉLIA RESENDE

Este livro captou a minha atenção assim que me foi dado a conhecer através das divulgações regulares da Chiado Books. Abordando um tema que me suscita bastante interesse e sobre o qual às vezes gosto de especular, fiquei ansiosa por conhecer algumas das experiências da autora como terapeuta das vidas passadas.
Não sou defensora convicta de nenhuma fé ou teoria, mas tenho a minha forma pessoal de encarar a morte e (confesso) acredito na reencarnação, o que, de alguma maneira, me dá alguma segurança durante a vida. Deve parecer meio tonto para quem acha que tudo acaba com a morte, mas não consigo (nem quero) acreditar no vazio, no fim, no nada. É uma ideia demasiado estranha e abrupta.

Neste seu novo livro, Célia Resende, psicóloga transpessoal, relata o processo de autoconhecimento de sete pacientes durante a terapia de vidas passadas.
Contando-nos experiências que viveram ao acederem a factos marcantes das suas vidas anteriores, a autora escreve sobre o universo além da morte e sobre como as nossas vidas passadas interferem na atual, acreditando que, ao conhecermos o passado, mais facil e conscientemente compreendemos o presente e nos responsabilizamos pela construção do futuro.

Dedicando cada capítulo a um dos seus pacientes, a autora conta-nos como decorreram as sessões e como a terapia os ajudou a ter melhor qualidade de vida, ao mesmo tempo que nos vai narrando as experiências de regressão vividas no consultório e partilhadas no momento entre paciente e terapeuta.

Sobre o que foi partilhado pelos seus pacientes, Célia Resende diz que "As revelações são impactantes. Vezes em que vagueiam sem rumo, levados por morte súbita, a consciência confusa pelo choque brutal e, às vezes, deixando-se levar pelos horrores da culpa e enfrentando seus próprios fantasmas."

Gostei de ler este livro, apesar de saber (e sentir) que o tema não é fácil nem se lê com leveza.
É uma obra que nos coloca a pensar e desafia as nossas crenças, se o lermos de mente aberta e não com pensamentos céticos e imutáveis. São experiências narradas e partilhadas às quais devemos, pelo menos, dar o benefício da dúvida, confiando na formação da autora e nas investigações e vivências que tem nesta área. Se assim não for, facilmente nos desapegamos do livro e abandonamos a leitura.
Não foi o que aconteceu comigo. Li-o com entusiasmo e de uma forma crítica, relacionando as narrações com o que já acreditava e tentando das conclusões retirar lições de vida.

Fiquei ainda com mais interesse neste tipo de terapias e na forma como podem (ou não) alguns dos nossos comportamentos, atitudes e problemáticas serem explicadas através de marcas ganhas noutras vidas.
Acredito que é através do autoconhecimento que conseguimos evoluir (não aceito a vida sem o compromisso de evolução), por isso considero importantes todas as formas de saber mais sobre a nossa essência, o nosso verdadeiro "eu" ou o espírito. Isto porque creio que é mais fácil ultrapassar obstáculos quando nos compreendemos.

Não fiquei a acreditar em tudo quanto li.
As narrações da "vida" entre encarnações, pareceram-me demasiado "humanizadas" e "conscientes", mostrando um outro mundo organizado e mais evoluído num espaço indefinido, num universo paralelo e intemporal. Uma relação estranha entre não sermos ninguém e sermos poderosos, sem estarmos numa vida real, como as que conhecemos.
Não dá para perceber ao que me refiro sem lerem... Todo o livro é complexo, apesar de escrito numa linguagem simples e acessível, de leitura fácil e motivante.