«FANNY HILL«, DE JOHN CLELAND

Nunca imaginei que em pleno século XVIII se escrevesse sobre sexo. Muito menos que houve quem o fizesse de forma tão intensa e, ao mesmo tempo, artística. Foi preciso andar cá em casa à procura do livro mais antigo para conhecer «Fanny Hill» e descobrir como há quase 300 anos atrás alguém o fez.
Na verdade, tenho mesmo de começar por dizer que John Cleland, nesta obra, escreve de uma forma apaixonante, original e idealizável. Descreve cenas íntimas com um erotismo quase poético e uma sensualidade que mexe com o leitor, tocando pontos quase impensáveis durante a leitura. Transforma facilmente uma vida de libertinagem numa odisseia libidinosa, descrita de forma delicada e dedicada.

«Fanny Hill», livro também conhecido como «Memórias de uma prostituta», foi publicado pela primeira vez em 1749 e já traduzido em várias Línguas. sendo considerado o primeiro livro de literatura erótica. Após ter estado alguns meses legalmente no mercado, a obra-prima de Cleland, escrita na Prisão de Fleet (Londres), onde permanecia por causa das dívidas contraídas, foi retirada do mercado. Contudo, dado o seu sucesso, continuou a ser editada clandestinamente, enquanto o autor, editores e impressores foram condenados por diversos processos. Só um século depois voltou a ser publicada legalmente.

O livro, narrado na primeira pessoa e escrito em forma de carta, conta-nos as aventuras de iniciação sexual da jovem Fanny Hill, uma órfã de 15 anos que vai para Londres à procura de uma vida melhor.
Casualmente descoberta por uma meretriz, Fanny é levada para uma mansão de negócio, onde faz as primeiras amizades e é posta à venda a sua virgindade.
De lá, foge com Charles, um jovem abastado com quem vive a primeira experiência sexual. Após um tempo vivendo juntos, o rapaz deixa inesperadamente a cidade e Fanny volta às vivências anteriores, transformando-se numa requisitada e estimada cortesã de homens importantes e ricos.
Sem qualquer espécie de constrangimento ou contrição, a jovem decreve esta sua vida e encontros amorosos, não deixando de fora quaisquer pormenores.

Da edição que li, da coleção «Obras-primas da Literatura Erótica», tenho também de referir as maravilhosas ilustrações que surgem de surpresa ao longo da história.

Com este livro, cumpri o DESAFIO 11 (Livro mais antigo da estante), do #desafio12meses12livros

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