«CONDENADA», DE STACEY LANNERT E KRISTEN KEMP

Há já algum tempo que não vinha aqui escrever-vos sobre as minhas leituras.
Não é que não tenha o que dizer, pois já foi no mês passado que terminei a leitura do livro de que vos venho falar hoje. No entanto, o cansaço não me tem facilitado a tarefa de escrever e esta fase de final de ano letivo traz-nos tantos papéis que nem tenho sentido vontade de ler. (Nem de reler o que aqui escrevo!)

Hoje dei um pontapé na falta de vontade e, de jantar ao lume, fiz uma paragem nos TPC e ganhei balanço para escrever sobre o livro "Condenada", um testemunho vivo de uma história que fez correr muita tinta americana.

Este livro, escrito na primeira pessoa, retrata a vida, dor e crime da criança/jovem Stacey Lannert, narrada pela própria protagonista, que com ele pretende contar a verdade dos factos e mostrar ao mundo que, quando não se desiste da felicidade, é possível ganhar uma segunda oportunidade.

Stacey tinha 8 anos quando o pai começou a abusar sexualmente dela. Sem saber muito bem que jogos eram aqueles, pensava que era bom ter a atenção do pai e, não tendo com a mãe uma relação emocional equilibrada, sentia nele a pessoa que mais a amava. Confiava nele e no seu amor, apesar daquelas atitudes que tinha para com ela, especialmente quando bebia demais.
Um dia, tinha ela 18 anos, o pai ouçou abusar também da sua irmã mais nova, sua protegida desde pequena, e Stacey, para a defender, mata-o, sendo por este crime condenada a prisão perpétua, sem hipótese de sair em liberdade condicional.
Através de relatos muitas vezes claros e chocantes, Stacey conta-nos como foram os 19 anos em que esteve presa, o que sentiu e viveu, como enfrentou as dificuldades, as voltas que deu por dentro de si mesma, as relações que foi construindo, a luta que travou para conseguir, um dia, conquistar a liberdade.


Gostei muito de ler este livro, de conhecer esta história verídica, uma de muitas do género que, infelizmente, ocorrem pelo mundo fora.
Apesar de ter despertado em mim sentimentos menos alegres, muitas vezes de revolta, incredulidade, nojo, incompreensão e desassossego, prendeu-me do início ao fim de uma forma muito presente, talvez por se tratar de uma história verídica, com pessoas reais, nos tempos (quase) de agora.
Não imagino a dor que sente quem passa por experiências destas, quem tem nas suas vidas tantas dores, tristezas e ausências de amor e paz. Nem quero imaginar, mas é bom que estejamos atentos aos sinais de quem está perto de nós, para que possamos ajudar a evitar que outras vidas se desfaçam assim. Afinal, teria sido tudo tão diferente para Stacey se alguém lhe tivesse prestado atenção de verdade!

Toda a história deste livro está contada de uma forma muito simples, sem rodeios nem metáforas. Stacey escreve como se falasse connosco, contando-nos a sua vida até aos 37 anos e ao momento em que volta a ver a luz do sol. Conta como se desabafasse connosco, recordando cada detalhe, cada fase, cada decisão e tentando compreender-se. Conta-nos episódios, descreve gentes e lugares, partilha tristezas e emoções, repete diálogos.

Com este livro, cumpri o DESAFIO 2 (Livro com apenas 1 palavra no título) do #desafio12meses12livros.

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