CARTA AO MEU INIMIGO, O PESO

Olá Peso
Não sei muito bem qual a razão porque estou a escrever-te esta carta, mas a verdade é que ando a pensar nela há vários dias e penso que está na hora de colocá-la no "papel".
Não percebo muito bem porque nos tornámos inimigos, nem me lembro quando tal aconteceu, mas acho que está na hora de terminar com esta situação. Seja porque conseguimos fazer as pazes ou porque te retirei totalmente a importância na minha vida, sei que é agora o momento certo para encerrar este capitulo da minha história. É que, embora nem sempre em grande evidência, tens sido uma presença constante e estou cansada desta relação unilateral em que só eu me preocupo contigo. (Por motivos evidentes!)
Como sabes, houve fases na minha vida adulta em que esta real inquietude me impediu de ter momentos, relações e conversas básicas, congelando-me os movimentos e pensamentos, guiando descompensadamente cada passo e decisão. Não foi fácil lidar contigo estando tu muito grande. Nada fácil, principalmente até ao momento em que percebia que este teu tamanho imenso podia ser por mim controlado.
Se bem que, na realidade, deixar-te crescer aconteceu várias vezes em épocas em que sentia que tinha tudo na vida, em que estava feliz e despreocupada, em que comia, usava e fazia tudo o que me apetecia, sem pensar em ti. Deixava-te crescer, por não te dar espaço na minha felicidade.
O pior, era o momento em que nos confrontávamos, muitas vezes através de uma fotografia, de uma peça de roupa, de um comentário ou de uma ida às compras. Noutras vezes, através num passeio demorado ou num lance de escadas difícil de subir.
Mas também te deixei crescer, como tenho feito nos últimos meses, por me encontrar perdida, cansada, indecisa, por me esquecer dos meus limites e deixar a exaustão chegar e apoderar-se da minha confiança e otimismo. E assim fui te alimentando, te dando mimos, compensando-nos com açúcar e trigo sob todas as formas, convencendo-me de que era apenas mais um e de que pouco me importava se crescias.
Mas importo-me. Vivo contigo, não é verdade? Fazes parte de mim e não posso ignorar-te. Mas a importância que te devo dar tem de ser equilibrada, não te descurando nem fazendo de ti o dono dos meus dias. O meu amor por ti só se revelará verdadeiramente se te encontrar na forma de saúde, paz, vitalidade, alegria e conforto. E para isso não podemos continuar neste duelo, tenho de encontrar forma de convivermos como amigos.
Talvez seja esta a razão maior que me levou a escrever-te.
Tréguas, meu companheiro?

Despeço-me de ti, enviando-te um abraço apertado e deixando-te com fotos nossas, da nossa relação ao longo dos últimos anos, durante os quais foste oscilando entre os 68 e os 90.
Até à próxima refeição (ou caminhada)
Da tua, Marisa
    




 



  

 





Comentários

  1. Ai Marisa como te compreendo e me revejo nas tuas palavras! Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sério? Será que afinal não sou um "bicho" raro? LOL
      Um abraço

      Eliminar
  2. Hi, if you are interested in a banner cooperation, please contact blogs@gmail.com

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Booking.com