ACESSO ÀS UNIVERSIDADES PELOS ALUNOS DO ENSINO PROFISSIONAL


Quando, logo pela manhã, ouvi esta notícia, não adivinhava que iria gerar tantos debates e trazer à superfície tantos preconceitos. Juro que não!!
Talvez a forma como foi apresentada tenha ajudado a que isto acontecesse. (Sempre a comunicação social a tentar conduzir a opinião pública, puxando a conversa conforme acha vir a ser controversa, para ter tema de notícia durante umas semanas!)

Posso começar por dizer que tenho um filho no 10.º ano que escolheu um Curso Profissional, numa Escola Profissional. Inscreveu-se, foi a uma entrevista com uma professora e uma psicóloga da instituição, teve de dar provas de ter concluído o 3.º ciclo e foi selecionado porque teve boa pontuação no total dos critérios.
Está a gostar e quer seguir o Ensino Superior, mas sabe que, no final do 12.º ano, terá uma vantagem e uma desvantagem em relação aos colegas do ensino regular: terá muito mais prática e conhecimentos dentro da sua área e saberá menos de outras, como a Matemática ou a Filosofia.
Até hoje, acreditava que teria de investir muitas das suas (poucas) horas livres numa explicação extra (paga por nós) para conseguir ser aprovado num exame de Matemática (p.e.) Aceitou-o quando fez a sua escolha.

Obviamente que, tal como eu, ficou feliz quando ouviu a notícia... Se assim for e se quiser ir para o Ensino Superior, poderá não ter (logo) de ir sobrecarregar-se com (p.e.) mais uma disciplina... Mas não se preocupou em ter de fazer uma prova de acesso, seja ela qual for. Nem o incomodou ter de trabalhar mais do que os colegas do Ensino Regular quando, entrando num curso superior, tiver mais dificuldades em alguma disciplina. Fará parte... afinal, ele estará menos bem preparado a Matemática, mas muito melhor preparado a disciplinas práticas que também estarão incluídas nos cursos do Ensino Superior. Nessas, terão os colegas do Ensino Regular que trabalhar muito mais.
Será assim tão controversa esta situação?
Durante 3 anos do Ensino Secundário, uns ficarão melhor preparados para uma componente do Curso Superior e outros para outra componente. Porque terão de continuar a ser favorecidos os que aprenderam mais sobre a teoria, obrigando todos a fazer o mesmo exame nacional apenas de acordo com o percurso de alguns?

Tenho lido comentários muito desagradáveis e preconceituosos em alguns fóruns de pais e de professores. Fico preocupada com a forma como as pessoas facilmente catalogam os miúdos conforme as escolhas que fizeram. Fico espantada como tanta gente consegue olhar apenas para o seu umbigo e generalizar situações baseadas num ou noutro exemplo que conhecem ou, muitas vezes, numa ideia antiquada de um ensino que desconhecem.

Parece que este assunto irá fazer rolar muita tinta... Até eu, por aqui, tenho vontade de escrever mais sobre as questões levantadas por estas declarações do ministro. Talvez volte para o fazer.

E, enquanto mãe, fico à espera que as tais provas de acesso sejam criadas de forma a mostrar que não está a haver uma "facilitação" aos alunos do Ensino Profissional, mas a permitir que cada ser humano percorra um caminho educativo de sucesso, carregado de boas práticas e boas teorias, que faça dele um homem de trabalho e não de assinaturas, um profissional competente, cooperante e bem instruído de saber.
Fico à espera de uma prova de acesso difícil, mas que mostre a boa preparação que o meu filho terá no final do 12.º ano.

NOTA: Ele tem apenas 15 anos, nunca reprovou e não estava a «fugir» quando fez a sua escolha. (Isto é capaz de levantar a conversa sobre os tais preconceitos!!)

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