SAUDADES DELES...

Em oito meses a morar sozinha com os miúdos, contam-se pelos dedos de uma mão as vezes em que me senti assim sozinha.
Talvez isto se deva a um sábado de chuva sem filhos e sem programa, o que transformou o nosso T3 num mundo de silêncios e espaços vazios.
Talvez a canja, como sopa predileta dos miúdos, não seja a refeição adequada quando os pratos não são a triplicar na mesa e o tamanho da panela é assumidamente familiar.
Talvez os filmes de sábado à tarde sejam demasiadamente indicados para assistir de sofá cheio ou o vento lá fora convide a bolinho caseiro na sua metade comido a acompanhar um chá quentinho ou um litro de sumo de laranja.
Não sei!!

A verdade é que sinto muito a falta deles em todas as divisões da casa e tudo por cá me lembra trocas de carinhos entre nós, conversas e discussões, música saindo do quarto dela ou gargalhadas no skype enchendo o quarto dele, histórias que contam, sonhos que partilham, respostas tortas sempre prontas na ponta da língua, objetos pessoais espalhados por onde, há 4 ou 5 anos atrás, reinavam brinquedos e peças de lego.

Já domingo, que a solidão e o aborrecimento também me tiraram o sono, dei por mim sentada no chão do quarto dela, com a sua almofada servindo de escudo de emoções, chorei enquanto admirava roupas, perfumes, livros, cd's e objetos pessoais de uma menina-mulher que por lá (normalmente) habita e que há 10 anos me faz a companhia de uma amiga segura e motivadora, qual amostra de mim mesma com personalidade e muitos detalhes próprios.

E só o desejo de também o ver em engenhocas e ferramentas, em BD's de Manga ou em manuais de 7.º ano mal organizados na prateleiras me faz sair de um quarto para me enfiar noutro, novamente escudada por uma almofada, desta vez a cheirar a AXE na versão desodorizante ou cera para cabelo. E mais uma dose de lágrimas teimou em rolar por meu rosto, sentada que estava numa cama que começa a ficar pequena para o homem que se forma cá em casa. São 12 anos de um miúdo doce e reguila que ainda não quer ser crescido, mas que já calça e veste na secção masculina das suas lojas preferidas.

Sim, sinto a falta dos meus filhotes cá por casa e anseio a hora de abraçá-los e de voltar a fartar-me de ouvi-los implicar um com o outro e de sentir a casa novamente cheia de vida, música e cor.

Estar sem eles é indiscutivelmente mais fácil quando mal paro em casa e aproveito todas as horas para me sentir verdadeiramente solteira outra vez.


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