JÁ DEVIA...

Já devia estar habituada, mas não estou.
Já devia saber exatamente como me sinto, mas não aceito o que sei.
Já devia assumir com naturalidade que preciso parar, mas é duro demais conheces este limite.
Já sei que quando o fundo fica próximo, o escuro invade-me a alma e tudo perde a cor, as formas e o ritmo. Que quando o túnel se mostra demasiado comprido, a sensação de asfixia regressa e a luz não consegue iluminar-me os pensamentos e as emoções, ao ponto de reconhecê-las e saber relacionar-me com elas.
Já devia respeitar estas recaídas como algo que faz parte, mas nunca me sinto preparada para lhes abrir a porta da mente e as janelas do quotidiano.
Aceito-as conformadamente como minhas, mas não gosto que me passem rasteiras e me afastem de momentos que poderiam ser mágicos e memoráveis.
Em casa, sem forças na alma para erguer uma pena, luto contra a vontade de fechar os olhos e deixar-me possuir por esta (sempre) surpresa... mas quero mostrar-lhe que sou eu quem domina a nossa relação e, se tiver de dormir horas e horas, que seja porque assim o decido fazer e não porque não há caminho nem alternativa.
Já devia respeitar melhor esta relação de quase 20 anos, mas ainda quero viver sem ela.

Comentários

  1. Já devias respeitar estas recaídas como algo que faz parte, mas nunca te sintes preparada para lhes abrir a porta da mente e as janelas do quotidiano e ainda bem, acrescento eu. Com o passar do tempo, apesar de continuarem a aparecer, estás cada vez mais forte ou perspicaz para as prever e ultrapassar. Tenho orgulho, muito orgulho por, apesar de teres este problema, seres uma lutadora por natureza que não se deixa levar a melhor. Foste sempre a inspiração para as minhas pequenas lutas. Amo-te.

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