ANDAR DE TRANSPORTES PÚBLICOS

A maioria das minhas memórias de viagens na infância incluem uma viagem em transportes públicos.
Não tínhamos carro, o meu pai só tirou a carta de condução quando eu tinha aí uns 10 anos e só tivemos carro depois dos 14, pelo que associo facilmente as idas (curtas ou longas) a vários sítios usando o autocarro, o comboio, o metro, o barco...
Recordo com saudade os "festivais da canção" que eu e a mana fazíamos no autocarro para Setúbal, as idas à praia no ferry-boat para Troia, sempre a ver e contar as alforrecas, agarradinhas pela mãe para não cairmos, as viagens à capital de comboio e por lá no metro ou no elétrico... os táxis que apanhava com as amigas depois de sair à noite na adolescência ou quando o meu Simão era bebé e precisava vir de Palmela sem o marido...

Quando comecei a trabalhar, escolhia escolas nas cidades para ter sempre transportes públicos e, dessa altura, recordo os ficheiros que construí e os imensos livros que li nas viagens.

Hoje em dia praticamente não ando de transportes públicos, mas (apesar de eu própria não sentir propriamente falta) sinto necessidade de levar os meus filhos a experimentar todos os possíveis e acessíveis e fico encantada com o efeito que estas viagens têm neles.

Na semana passada, numa tarde de folga, aproveitando que tenho o carro na oficina e não podia dar crédito a comodismos, levei a minha malta pequena até Setúbal no autocarro. Vimos juntos os horários na internet, bem como o número da "carreira", fomos até à paragem e ficámos à espera, pagaram e verificaram o troco, fizeram mil perguntas sobre o caminho, botões e outras sinaléticas do "bus", tocaram para sairmos na Praça do Brasil e adoraram não usar cinto de segurança.
Lá por Setúbal, passeámos, lanchámos e preparámos a viagem de comboio para Lisboa, que acabou por não acontecer porque o tempo passado na estação foi tão ricamente aproveitado que se estendeu até tarde. E não só porque explorámos horários e máquinas de bilhetes, percursos e linhas, mas também porque bebi café num snack-bar gerido por um homem bom, que resolveu ajudar o Simão a fazer toda a coleção de pacotes de açúcar das Festas de Lisboa, deixando-nos procurar em todos os locais onde guardava os pacotes até ficarmos com os 42. Rimos tanto!!! E o rapaz que não sabia como agradecer mais ao senhor e fugiu a correr depois de lhe dar uma moeda de gorjeta ao comprar uma garrafa de água....
Ainda na estação, "brincámos" às fotos numa máquina de moedas e acabámos a tarde em diversão, sem ter de fazer grandes viagens, mas aproveitando as circunstâncias que foram ocorrendo.
E é tão bom largar as rotinas e as marcações e deixar-nos guiar pela imaginação, as pessoas e os ambientes à nossa volta!!!



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