"ANDAR" PELOS CÉUS

Tenho saudades de andar de avião e de tudo o que essas viagens proporcionam.
Saudades da excitação de fazer as malas e etiquetá-las com os meus dados pessoais, de bilhetes bem à vista e planos de descoberta de novos locais, deixando tudo pronto na véspera e deitando-me cedinho para acordar a tempo do chek-in.
Saudades de alguém nos vir buscar, talvez o sogro, a horas a que o sol ainda mal nasceu ou começa a aparecer no céu... de colocar bagagens na bagageira e sentir um frio na barriga de quem procura o insperado.
Saudades de entrar no aeroporto, do movimentos das gentes que vêm e vão (em negócios, prazer ou rotina anual), de filas de pessoas bem e mal-dispostas que entregam as suas malas para serem levadas para o avião.
Saudades da despedida, do "até daqui a 8 dias", da máquina fotográfica ao pescoço, do cafezinho caro antes do embarque, de estar de mãos dadas e brilho no olhar.
Saudades da chamada para o embarque, da passagem pelo detetor de metais, da entrada num local que cheira a férias e onde meninas e meninos bonitos e vestidos a rigor nos dão as boas-vindas.
Saudades de descolagem e do nó no estômago... daqueles momentos do cinto de segurança bem apertado e das indicações das hospedeiras... da televisão que baixa e dá imagens de outros cantos do mundo, do wc minúsculo que nos deixa a pensar onde irão parar os nossos "despejos, de olhar pela janela e ver as nuvens tão próximas de nós, como se de algodão se tratassem e fosse possível abraçá-las.
Saudades do carrinho do café, dos tabuleiros pequenos com comida que parece de brincar (ou será gourmet?!), de ver a beleza da terra e do mar vista do céu...
Saudades do "medo" da aterragem, da alegria do desembarque, da ansiedade das malas que passam e nenhuma parece ser a nossa, do táxi ou do metro que se apanha e da aventura que começa...


Não, não andei muitas vezes de avião. Fiz três viagens de ida e volta, duas em passeio com o meu amor e uma para acompanhar um amigo num despedida.
Mas gostei tanto, tanto! E tenho saudades. E quero muito voltar a viajar de avião, quero muito matar todas estas saudades e mais algumas que nem consigo descrever, de pequenas sensações que para alguns são banais, para outros surreais... talvez para muitos (ou poucos) sempre novas e emocionantes, como para mim.
E quero levar os meus filhos da próxima vez, que na última ainda nenhum sonhava nascer.
Quero dar-lhes o prazer de todos esses momentos, de todos os pormenores que quiserem e conseguirem guardar no peito e na memória. E hei de arranjar forma de o fazer, com ou sem crise, percorrendo muitas ou poucas milhas... porque sei que, como eu, irão adorar!

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