OS COCÓS DOS CÃES

Quando fui trabalhar para a Moita, em setembro de 2010, fiquei muito espantada com algumas diferenças entre a aldeia onde moro ou a vila mais próxima (Palmela) e a vila da Moita. As tradições, as gentes, os costumes, a forma de falar... tudo muito diferente, apesar de serem concelhos limítrofes e da minha casa ficar apenas a 13 kms de distância da escola.

Aos poucos fui-me habituando às diferenças, percebendo os porquês e respeitando-os, até ganhando novos gostos e preferências, pelo que acho que tenho hoje uma vida mais rica porque mais vivida.

E é aqui que entram os cocós.
Esta foi uma das coisas que estranhei, pela negativa, na tal vila à beira-rio construída: muitos cocós nas ruas, muita gente passeando os cães e deixando-os fazer as necessidades onde lhes apetecesse, muitos animais "à solta"... Sair com os miúdos a qualquer lado era sinónimo de caminho com minas e armadilhas. Não gostei, não gosto e não me convenço de que não se faça algo contra.
Consegui que os miúdos percebessem que era errado e que eles próprios começassem a reparar (pois evitar já faziam inconscientemente) e a sentir a necessidade de passar palavra. É que não há mesmo necessidade nenhuma!!!!
Reparei que a Moita não tem tantos "contentores" prepositados para o efeito, com saquinhos para os donos usarem e atribui no momento, confesso, alguma responsabilidade à câmara. Mas, pensando bem, se os cães têm dono, terá de ser a autarquia e, consequentemente todos nós enquanto contribuintes, a pagar para os donos dos cães apanharem os cocós dos animais? Pode haver uma ajuda nesse sentido, uma sensibilização para a preservação da limpeza dos espaços, mas cada um de nós tem uma responsabilidade civil que não pode descurar. Eu não atiro papéis para o chão, por exemplo, e os meus filhos (ou alunos) também não. E não preciso que haja um balde do lixo em cada esquina. Se não houver, guardo no bolso até encontrar.

Nos últimos meses tenho vivido bem (ou melhor, mal) com os cocós dos cães dos outros que moram aqui bem perto, na mesma urbanização, e que passeiam os seus bichos por algumas horas diárias e que deixam rasto em tudo quanto é sítio. Entre eles há incluve um vizinho, felizmente de outro prédio, que passeia 3 enormes cães pela trela e que deixa cocozões por tudo quanto é espaço. Para além dos pobres bichos estarem presos num apartamento, ainda sujam tudo de cada vez que vêm à rua, deixando porcaria no local onde as crianças poderiam jogar à bola à vontade, brincar na terra, jogar ao berlinde, fazer descobertas... tudo atividades saudáveis que tentavam fazer no verão e que tiveram de passar a evitar, sob perigo de encontrarem presentes mal-cheirosos.

O meu homem, muito prático nestas questões, pregou um cartaz grande mesmo nos sítios onde os lulus e os bisontes (donos e/ou animais, entenda-se) vão fazer as necessidades, sob o olhar atento de quem os prende pela trela:
"O cão deixa no chão 
o que o dono tem na cabeça."

Achei um pouco forte demais, mas percebo-o perfeitamente. Chateia que as pessoas não pensem nos outros e achem que a rua é só delas, que podem fazer o que bem entendem e deixar sujo o que é de todos. Será que custa assim tanto levar uns saquinhos de casa, apanhar os ditos dos cães e deitá-los no lixo? Bolas! Afinal a Moita progrediu em 2 anos e "nós" regredimos uma década.

E atenção que não culpo, de todo, os animais! Os cães só fazem o que lhes permitem, pois estão satisfazendo as suas necessidades básicas. Acho é que já deveríamos estar todos mais sensibilizados para a ideia de que somos responsáveis por um espaço comum e temos nós (e não só os municípios) de ajudar a mantê-lo limpo. Imaginem que agora todos nos lembravamos também de ir à rua fazer as necessidades! Haveria de ser lindo e ficar cheiroso, o ambiente!

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