AS NOSSAS MANHÃS

Não estaria sendo verdadeira se dissesse que as manhãs em nossa casa são muito pacíficas e bem-dispostas. É mentira. Já foram bem piores, é certo, mas acho que estão longe de ser as ideais e que precisamos todos trabalhar para que se modifiquem.
Normalmente acordo bem disposta, uma hora antes de ter de sair de casa. Normalmente não me custa a levantar, até porque há necessidades biológicas que não deixam ficar nem mais um minutinho na cama. Já pensei acordar mais cedo, mas não vale a pena. Primeiro porque não consigo deitar-me suficienemente cedo para não me custar a acordar de manhã e depois porque está visto que o tempo chega e que, por mais cedo que acordemos, o resultado acaba por ser o mesmo.
Levanto-me e abro as portas dos quartos dos meninos. Chamo-os com jeito e ternura e sigo para o WC, onde junto necessidades fisiológicas com culturais e leio durante uns minutos.
Volto a chamar as crianças. Fazem ronha. Normalmente já estão a despertar, mas há dias muito difíceis.

Por volta das 7h50 começa a aquecer e a insistência com eles aumenta.
Nos dias bons, fazemos concurso para ver qual dos três se despacha mais depressa. O pai já está vestido e prepara o pequeno-almoço para todos. Ouve-se de minuto a minuto: "Já só me faltam 3 peças!!!"... "Mãe, os sapatos também contam?". Depois vem a corrida para os últimos preparativos: maquilhagem nos meus olhos, super penteadelas no cabelo pelo Simão, detalhes na roupa da Matilde...
Todos vamos para a mesa e o relógio da cozinha vai dando os sinais de aceleração ou calma...
No fim, mesmo faltando ainda tempo, há sempre qualquer coisa que falta: os bonecos da Matilde, o livro da bibloteca da escola, uma última passagem com a escova pelo cabelo... Isto depois de dentes lavados e já de casacos vestidos. Há sempre qualquer coisa que falta, por mais que arrumemos as malas na véspera... e a conversa é sempre a mesma.

O pior são os dias menos bons. Como hoje:
- Não há forma de os fazer levantar.
- Não gostam da escola, dizem os dois.
- "Está frio e a cama tão quentinha!!!!...",
- "Onde está a minha roupa?" (Quando ficou exatamente no mesmo sítio de sempre, na véspera, arranjada com/por eles).
- "Posso tomar banho? (Quando faltam 30 minutos para sair de casa!
- "Oh mãe, ficamos em casa. Eu já sei aquilo tudo! Prometo que não brigo com o/a mano/a! (Como se isso adiantasse e eu acreditasse!)
Nestes dias, comço com mimos, passo aos jogos, tento as histórias e depois (oh God!) segue-se a cara de mãe-bruxa que não dá para contrariar mesmo! E despacham-se contrariados e aborrecidos, implicam, precisam de ajuda para arranjar as camisolas que picam, ou estão largas/apertadas, ou não se lembram que são deles... Os atacadores passam muitos minutos pendurados nos ténis do rapaz, a arrastar pelo chão (tal como o dono se arrasta pela casa) e o risco no cabelo da miúda está irreverente e não fica direito (como a dona, que hipersensível passeia-se mil entre o wc e o quarto).
O pequeno-almoço demora, ou parece que sim, o casaco não entra e saio apressada, já com pouca paciência e a desejar também eu não ter de ir trabalhar.

O que vale é que as traquitanas da Comercial me põem bem-disposta e dou umas gargalhadas pelo caminho. O que vale é que amanhã é outro dia e pode começar com uma manhã das boas.

E pergunto-me: será que os homens têm manhãs destas? O meu não tanto, porque se mete na cozinha e trata (graças a Deus, pois é uma grande ajuda!) das nossas barrigas... E quando ele se junta a nós... regime militar, trombinhas e muitas vezes a expressão "Oh mãe!!! Oh mãe!!!!"

Comentários

  1. Fizeste-me sorrir!
    E imaginar como deve ser...eu tive sempre horários desfazados do meu marido, fui sempre eu e o meu filho, ou eu sózinha, e essa confusão animada, deve ser gira!!!!Exige muita calma e organização!!!
    Tenho um desafio para ti no meu blog, se quiseres!!!

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