EU, MARISA, ME CONFESSO

Confesso que me andava a esquecer de mim... que me coloquei muito abaixo na faixa das prioridades, que dei importância a muitas pessoas, "coisas", assuntos, facetas, que não EU. Confesso que o fiz inocentemente e com a melhor das vontades. Boas intenções, necessidade de agradar, vontade de fazer tudo bem feitinho, medo de errar, de não ser suficientemente boa nas outras tais faces.

Confesso que me abandonei. Não falo (só, nem principalmente) em termos estéticos ou visuais... falo de mim, cá dentro.
No fundo, procurava em mim, muitas vezes, a Marisa que eu sou, que eu era antes de ser filha, irmã, mãe, mulher, amiga, colega, professora, dona-de-casa... ou melhor, que eu era/sou ao mesmo tempo que tudo isto. Procurava a Marisa (eu) escondida nas outras faces todas e muito pouco encontrava.
Ninguém tinha culpa disso, para além de eu própria: a mesma eu que se escondia de si (e dos outros), a mesma eu que era todas estas e que queria sê-las a 100% (como se isso, até matematicamente falando, não fosse impossível), a mesma eu que teimava em pôr tudo o resto em primeiro lugar.

Confesso que tinha saudades minhas. Há muito que o tenho sentido, mas só hoje o confesso verdadeiramente. Confesso que tinha saudades minhas, da Marisa que sou, não à parte e sozinha, sem ser mais nenhuma das minhas faces, mas desta Marisa que sou (e serei) ao mesmo tempo que todas elas. Sim, porque, por mais idiota que isto possa parecer a muita gente, tenho descoberto que eu posso ser eu ao mesmo tempo que sou as outras coisas todas. Ou melhor, eu sempre fui eu, mas precisava de o aceitar e deixar que isso brotasse, sem medos nem vergonhas, por entre todas as outras faces. Porque já brotava... e eu não dava conta. Porque era impossível não se notar enquanto mãe, por exemplo, ou enquanto profissional... sempre fui eu e só precisava de espaço para assumir que gosto de ser como sou.

E hoje, que não é um dia especial por mais nada a não ser por isto, confesso que gosto de ser como sou.
Confesso que sei que a minha forma de ser não agrada a toda a gente, mas não tem de agradar.
Confesso que sei que me traz (normalmente) problemas de relação no trabalho, porque sou diferente da maioria das gentes.
Confesso que sei que não me tem dado vantagem nas amizades, muito porque não me aceitava totalmente e, em parte, me escondia.
Confesso que sei que faz com que as pessoas normalmente me amem ou me odeiem.
Confesso que sei que faz de mim uma pessoa melhor em cada ano (não digo em cada dia que a mudança não se faz assim como fast food!)...

Eu, MARISA, confesso que sou assumidamente uma pessoa:

- SIMPÁTICA
- INTELIGENTE
- AVENTUREIRA
- AFÁVEL
- COERENTE
- TOLERANTE
- COMPREENSIVA
- TRABALHADORA
- PERFECIONISTA
- DEDICADA
- AUTORITÁRIA
- SENSÍVEL
- LUTADORA
- RESPONSÁVEL
- DIVERTIDA
- MEIGA
- APAIXONADA
- REFILONA
- ORGANIZADA
- FALADORA
- TEIMOSA
- GULOSA
- INDISCIPLINADA
- BRIOSA
- SIMPLES
(...)

Confesso que sou assim e pronto. Assim e muito mais, para o melhor e o pior, daí as reticências.
E confesso ainda que, embora aceite e reconheça como possível e favorável, irrita-me quando as pessoas são, nesta ou naquela coisa, opostas a mim. Irrita-me, pronto! Principalmente quando eu acho que sou a qualidade (responsável, p.e.) e as outras pessoas mostram o que acho ser o defeito (irresponsabilidade, neste caso)... irrita-me, fervo, deito fumo e falo, falo, falo... e fico intolerante. Ou seja, assumo um defeito que normal e naturalmente é uma qualidade em mim (tolerância!). Incoerente? Pensava que não o era!
Confesso que sou mesmo complicada, mas que estou a gostar da sensação de o assumir!

Comentários

  1. Simplesmente, és uma das minhas princesas, do meu reino!!!Princesas e principe de quem eu tenho o maior respeito e orgulho e a quem eu mais amo, nesta minha vida de 51 anos!!!

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  2. Assim é que é Marisa, assumir os nossos imensos defeitos é na realidade uma qualidade, lá dizem eles, mas eu também me marimbo de vez em quando para o eles e sou eu só eu e mais eu... também tenho tido saudades minhas, do antes mas descubro a cada dia e ainda bem que se voltasse ao antes, teria muitas saudades do agora, de quem sou, evitava era os problemas de hoje mas pronto, isso agora não vem ao caso, eu sou assim também, bem complicada, tanto posso ser coerente e dizer que estou farta da bancada cheia de migalhas que ele não limpou e depois dou por mim a ser incoerente quando eu própria faço o que me chateia nele, por isso deixa ser quem és, tudo junto, porque tudo te faz a ti!!! ADOREI!!!

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  3. Que maravilha amiga estares a encontrar o teu caminho e a aprenderes a gostar de ti própria. Eu gosto muito de tu como és (simlesmente única na minha vida!).

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