CANSADA E TRISTE

Hoje estou em dia não.
Estive para nada aqui escrever, mas penso que este espaço também serve para deixar as angústias, talvez porque acredito que, deixando-as escritas em qualquer lado, elas saiam de mim e me deixem mais aliviada e em paz. Sim, acho que acredito nisso. Espero que dê resultado, pois já chorei, já ralhei, já me questionei e me culpabilizei, já jantei (porque nem disso tinha vontade) e já me agarrei ao trabalho (o que geralmente resulta) e parece que o nó não desata de forma alguma.

O início do ano é sempre assim e já deveria estar habituada, mas não me consigo acostumar. Meio perdida em tantos papéis por preencher, organizando um ano letivo cheio de novas legislações e regras, não consigo deixar de ter presente a maior das preocupações: colocar todos e cada um dos meus alunos a aprender. E isto deixa sempre alguma angústia em mim, pois quero chegar a todo o lado e esquematizar um plano de ação, o que este ano se torna mais dificil com alunos novos na turma "velha" que quero que se sintam em casa, com dois anos de escolaridade e um deles repleto de casos individuais. Não me estou a queixar, nem ousaria fazê-lo sabendo que tantos dos meus colegas estão em casa e a desejar estar no meu lugar, mas queria apenas ser mais eficiente... e não consigo. Acho que o síndrome de super-professora se instalou em mim sem eu dar conta e agora preciso quase de uma "exorcizão", para limpar a alma e a coragem. Por sorte, tenho alguém aqui ao lado que me acha o máximo e que tem a certeza que vou conseguir, pois eu estou sem fé em mim própria, que nos miúdos tenho sempre... obrigada, amor!

Tirando isso, surgiu hoje uma surpresa que me deixou (como sempre, raios me partam) a questionar até que ponto sou uma pessoa que ajuda, que alegra e agrada aos outros, ou prejudico quem está à minha volta com características que se tornam incomodativas e prejudiciais.
Foi já há um mês que soube, assim confirmadamente, que há quem se farte de mim, e na altura não me incomodou verdadeiramente. Mas hoje isso caiu de novo como que se de uma carga de água em plena primavera se tratasse. Sei que também não sou das pessoas mais diretas e frontais, porque receio magoar os outros e levo tanto tempo a pensar na forma de dizer as coisas, que depois as conversas passam de prazo, mas custa muito descobrir que pessoas que trabalham connosco há anos, por influência ou abrir dos olhos por parte de outras, começam a olhar-nos de outra forma e a fazer um filme das nossas costas, que nos leva a um ambiente onde já não sabemos quem pensa o quê do que fazemos ou dizemos.
Também sei que isso não deveria importar assim tanto, mas não consigo. Gosto de estar bem com toda a gente e, apesar de saber que é impossível agradar a todos, gosto (e preciso) de ambientes saudáveis.e descontraídos e não quero que este cantinho na Moita, onde me sinto tão bem, corra o risco de se transformar numa coisa diferente (para pior). E muito menos quero sentir que contribui para isso... tenho medo.
Do que eu gostava mesmo era que não ficassem pontas soltas por resolver, que as coisas fossem conversadas e resolvidas, que as mágoas fossem confessadas e os conflitos solucionados ou debatidos, que houvesse alguém que moderasse quando não se consegue sem ajuda, que não se guardassem ressentimentos nem mal-entendidos por resolver, que fossemos todos sinceros uns com os outros, que respeitassemos os feitios e as experiências de vida... ou, pelo menos, que não houvesse necessidade de construir teias nas costas de ninguém. Talvez queira perfeição ou utopia, mas sou verdadeiramente uma pessoa de paz e que quero ser melhor, mais sincera e verdadeira também e sei que ser vítima (ou arguida) em qualquer situação mal resolvida ou mal conversada pode destruir a paz que quero que habite em mim.

Comentários

  1. :( Acredite que é só uma fase difícil, mas acredite ainda mais que com força dá a volta ao mundo e endireita quem nunca se endireitaria . Força , com ou com choro ( porque faz bem, limpa a alma) e nesta altura tudo o que nos faça sentir melhor, têm de ser feito.
    Sem pressões , derivado à profissão, acredite em si..

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  2. Acredita em ti! Na pessoa linda que és, como mãe, filha, amiga e profissional das melhores, os teus meninos é que interessam. O resto, eu sei, o que custa falarem nas nosss costas, mas isso é porque estás muito à frente dessas pessoas!!! Amo-te primcesa!!!

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  3. Ui...como te entendo,Marisa!!!
    Digamos que devo ser parecida contigo e não gosto de ficar « mal resolvida» com ninguém...
    Já me magoei uma ou outra vez por tentar esclarecer os mal entendidos, mas, vai por mim, não vale a pena.Há pessoas que não merecem todo esse esforço e despir de alma da nossa parte.
    Apesar de te dizer isto, duvido que eu mesma não volte a fazer o mesmo...é uma espécie de impulso...queremos apenas deixar o ar mais leve e respirável... beijinhos :)

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