GANHOS... COM A CRISE

Se há algo de positivo que vem com a crise que vive o nosso país, penso que seja a capacidade do ser humano se adaptar e de começar a dar valor a determinadas coisas simples que estavam a ser mal-aproveitadas.

Não me considero um bom exemplo, nem tão pouco sou das que acham que tudo está certo neste governo, mas acho que houve alguns abusos por parte de muita gente, que quis viver (ou viveu mesmo) acima das suas capacidades.

De um momento para o outro, quase toda a gente passou a poder ir a restaurantes, a andar de carro (2 ou 3 por casa), a ter casa própria, a comprar roupa nova em cada nova estação, a ligar a marcas e a conumir em exagero... nunca se viu tanta criança inscrita em atividades extracurriculares (que incluem mensalidade na música, no desporto, nos cursos de inglês, etc).... para além das 2 horas a mais que já passam na escola a ter (supostamente) enriquecimento curricular. Nunca se viu tanta gente entrar para a universidade, mesmo tendo revelado, desde o início da sua escolaridade, algumas dificuldades e pouco "jeito" para estudar... Nunca se viu mão-de-obra técnica tão pouco apta a trabalhar com a mão na massa e tão licenciada em papéis e teorias... Quase não havia casamentos sem ser em grandes quintas e, se possível, com aluguer de limusine ou se carroça super elegante... Nunca se vira tanta gente a passar férias em hoteis e/ou no estrangeiro...

Posso parecer "fascista" ou outra coisa qualquer deste género, que de política pouco percebo, mas a verdade é que, desde adolescente, que penso que se andou a cair em exageros que agora temos todos de pagar...

Como disse há algumas frases atrás, se calhar antes de deixar quem lê de boca aberta já contra mim, eu não me excluo de alguns erros, mas estou a tentar "aproveitar" a onde de crise para recuperar alguns hábitos mais saudáveis e. acima de tudo, fazer uma vida o mais económica possível.

Não quero descurar a educação cultural dos meus filhos, por isso continuo a apostar em idas a espetáculos e museus, aproveitando promoções e muitas atividades gratuitas dos serviços educativos, que, por enquanto ainda existem, mas que, temo, com tão pouca adesão tendem a mandar mais alguns para o desemprego. Continuamos a passear dentro do nosso país (com algumas aventuras de automóvel um pouco mais além), mas acampamos, o que é muito mais cansativo mas muito mais saudável e económico, e andamos muito a pé, falando sobre o que sabemos aos nossos filhos e ensinando-lhes um pouco sobre o que andamos a ver ou fazer. Continuamos a ajudar nos trabalhos de casa ou a estudar para os testes e a incutir-lhes essa responsabilidade, pois se têm ambos o dom de aprender com facilidade têm mesmo de o pôr a render e aprender a gerir o tempo de estudo.

Não quero descurar o tempo de brincadeira dos meus filhos, pois quero que da infância recordem, acima de tudo, dos momentos em que brincaram e das brincadeiras que tinham,,, mas já começámos a moderar-nos nos brinquedos, que são aos montes nos quartos, apesar de anual ou semestralmente fazermos limpeza e darmos o que já não faz parte das suas preferências.
Começo a deixar o mais velho brincar na rua, vigiado (é claro), com alguns companheiros de escola ou de urbanização, onde pode jogar à bola, andar de bicicleta e brincar aos Bayblades ou às caricas.
Quero arranjar forma de, no próximo ano, não necessitar de increvê-los nas aulas de enriquecimento, tendo de negociar os horários com a família e arranjar outras soluções que lhes deem tempo para ser e não só para "sentar e assimilar" que é o que se tem passado nas 2 horas extras gentilmente oferecidas pelo Estado, mas que só têm servido (pelo menos nas escolas que conheço) para ter os miúdos mais tempo fechados para os pais poderem trabalhar.
Quero que os amigos e os primos venham brincar com eles cá para casa cada vez mais vezes, para usarem o que cá têm e desarrumarem, pois não há brincadeira saudável arrumadinha, a não ser estar sentado em frente à televisão ou ao computador.
E não são deliciosas fotos como estas, tiradas nas últimas brincadeiras com 2 dos 3 primos?



Tenho procurado dar mais valor ao que é realmente importante, rentabilizando eu própria os "talentos" com que nasci e as aprendizagens que fui e vou fazendo, por isso quero aproveitar a época de crise para pôr cada vez mais os pés na terra e aproveitar tudo à minha volta.
- Dar valor à família e aos amigos verdadeiros (deixando de parte o que os outros dizem ou fazem)
- Cozinhar sempre em casa, utilizando tudo na alimentação, reutilizando o que puder, reduzindo os excessos e substituindo-os por algo mais saudável e económico (deixando o "comer fora" para ocasiões de festa);
- Rentabilizar o que as minhas mãos sabem e conseguem fazer, nas mais variadíssimas etapas da vida (sem me importar por não ficar profissional ou igual ao da maioria);
- Dar menos importãncia à minha faceta profissional (não trabalhando em excesso, como já aconteceu e "quase" acabou comigo), investindo na faceta pessoal e de descontração, que têm sido as mais prejudicadas;

(...)

Enfim... já desabafei um pouco!!!!

Comentários

  1. E fizeste muito bem em desabafar. Eu também me incluo em alguns dos excessos, embora ache que a verdadeira razao para o caos em que nos encontramos esteja nos maus governos que procuram destruir a classe média. É um facto que se pode usar a criatividade em alturas de maior necessidade, desde que nos consigamos erguer do marasmo psicológico em que nos podemos encontrar. Não imaginas como me orgulho que tenhas essa capacidade! Os momentos de partilha em família, dos mais pequenos e dos maiorzinhos, são fundamentais para o equilíbrio. Disso não tenho dúvida! E estou pronto para eles. Força!!!

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