FÉRIAS (FILHOS VS PAIS)

Contrariamente ao que (muito d') o senso comum pensa ainda, os professores não têm 3 meses de férias, nem nada que se pareça.
É claro que neste momento as aulas já terminaram e nós, professores, pelo menos os do 1.ºCiclo, já não estamos em tempo letivo, logo, já não trabalhamos com crianças (dos outros!).
É claro que conseguimos começar a pensar nas férias, a ponderar onde queremos ir, a fazer previsões, a decidir o que fazer com os 25 dias úteis (para quem não faltou) de férias que estamos autorizados a gozar... isto, como qualquer outro trabalhador.
É claro que os nossos horários são, em parte, mais flexíveis nesta altura. Há dias em que estou na escola 4/5 horas, noutros estou mais, conforme o tipo de trabalho que há para fazer. Há até dias em que não vou trabalhar (para a escola). No entanto, tal como em todo a ano letivo, são muitas as horas de trabalho em casa. E não falo das roupas, da cozinha e dos filhos. Quer na escola, quer em casa, os nossos trabalhos, durante mais de 1 mês, são avaliações, grelhas, relatórios, monitorizações, planificações, elaboração de planos para o próximo ano, inventários, arrumações, limpezas (ah sim, também as fazemos), registos, organização de dossiês, auto-avaliação, reuniões, contactos com parceiros (psicólogas, médicos, entidades)........
Podia continuar a lista, mas a verdade é que me apeteceu escrever este post para falar sobre o valor que dou a esta flexibilização e ao como ela me permite resolver o "problema" dos filhos estarem de férias (e não para "limpar a imagem" dos professores!).

Hoje pensei nisto porque foi o primeiro dia de férias dos meus filhotes e eu, por acaso, estive em trabalho autónomo em casa, que é como quem diz "estive agarrada ao computador a preencher papelada".
Uma das vantagens deste tipo de dias (que são raros, mas bons!) é que posso gerir o tempo à minha maneira e, por isso, posso ficar com os meus filhos. (O que é ótimo!)
Assim, como as crias já sabem que a mãe ainda não está de férias, apesar de estar "por aqui", pudemos fazer algumas coisas em conjunto e dei-lhes tempo para outras que fazem pouco durante as aulas: estar de pijama até ao almoço, ver vários episódios de séries da TV, brincar até desarrumar o quarto, enroscarem-se com as gatas, encomendar piza pela net, jogar computador, ler, fazer desenhos (o Simão começou uma BD).
A nossa manhã foi assim. Juntos nas mesmas divisões, eles a aproveitar as férias e eu a trabalhar no computador e nas papeladas (e com uma pen desaparecida a enlouquecer-me!).
Almoçámos juntos a tal piza, estendi a roupa enquanto comiam a sobremesa, ajudaram a arrumar a cozinha e valemo-nos, mais uma vez, deste dia para ir até ao parque, levando o primo que está na Pré e que fomos buscar no caminho.

Nessas 3 horas de parque, criei palavras na minha cabeça (pena não ter levado o computador) e aproveitei para olhar para a alegria com que os meus filhos brincavam. Sim, é bom vê-los brincar. Sim, fico feliz por ter dias destes e não estar fechada num escritório. Sim, sou a favor dos horários flexíveis e do trabalho por objetivos.




De volta a casa e às rotinas, seguem-se mais umas quantas horas de trabalho noturno, enquanto as crianças já dormem. Hoje foi o pai quem tratou do jantar e da cozinha, para a mãe estar no computador nos entretantos de banhos, jantar e conversas. Agora já dormem e eu continuo a marcar cruzes e fazer avaliações... mas estou confortável por ter estado com eles.

Amanhã, mais um dia de trabalho e eles de férias. Amanhã vão comigo para a escola. Levam brinquedos, aproveitam para estar com outros meninos na mesma situação, que vão com os pais para o trabalho. Às vezes juntam-se muitos... e de diferentes idades. Amanhã vão fartar-se de ouvir falar de escola, mas voltarão a almoçar comigo e talvez tire 2/3 horas à tarde para outra aventura com eles. Depois, volto às burocracias do ensino, que são mais do que as necessárias...

E alguns dias das férias deles serão assim...
Noutros, vão para o trabalho com o pai...
Noutros, ficam em casa dos avós maternos (que FELIZMENTE) moram perto, regressando a casa no final do dia ou após as reuniões. (Sim, porque nesse dia os horários são mais parecidos com os da escola, só que com brincadeira).
Noutras, vão pulando entre a casa de um tio (umas horas), a casa de uma tia (outras), a casa dos amigos... é preciso é haver onde ficar de férias.
Há ainda os dias passados com os avós do Alentejo (que não passam de 3/4 de seguida porque a Matilde não aguenta dormir longe de nós!)... esses são de contacto com o campo e a piscina...
E, claro, há os fins-de-semana e as escapadelas do trabalho para estarmos juntos.
Porque as férias a 4 duram 3 semanas e as restantes são passadas a 3, já que pai e mãe tentam desencontrar-se alguns dias nas férias (que só podem ser gozadas de 23 de julho a 31 de agosto).

Não me queixo. Pelo contrário.
Dou graças por poder estar na vida dos meus filhos desta forma e por ter tanta gente à minha volta a organizar-se para proporcionar as melhores férias possíveis ao meus meninos. E que felizes ficam!

Comentários

  1. Minha amiga:
    Como bem percebo esta tua postagem e me reconheço nela. Este ano não porque me encontro noutra situação.
    E aqui tens uma casa com amigos dispostos a terem o grande prazer de ficar com os teus filhos lindos!

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